segunda-feira, maio 16, 2005

Schweizer Hof Hotel

Já aqui estive, já fiz esta viagem,
e estive neste bar neste momento
e escrevi isto diante deste espelho
e da minha imagem diante da minha imagem.

Não mudou nada, nem eu próprio; a mão
escreve os mesmos versos no papel obscuro.
Que aconteceu então fora de tudo?
De que esquecimento se lembra o coração?

Algum passado, alguma ausência,
se passam talvez a meu lado,
talvez tudo exista exilado
de alguma verdadeira existência.

E eu, os versos, o bar, o espelho,
sejamos só imagens noutro espelho
diante de algum deus em cujo lasso
olhar se fundem outro e mesmo, tempo e espaço.

Manuel António Pina (1943)

3 Comments:

At 5:42 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Em retribuição:

"O que o livro diz é não dito,
como uma paisagem entrando pela janela de um quarto vazio."

Excerto de um poema (O Livro) do mesmo autor.
Ainda bem que nem só de quintas e guerras estelares é feito o mundo de hoje. Obrigado.

 
At 3:09 da tarde, Anonymous Anónimo said...

wat da fcuk do ya want?

better get some senses,innit?

 
At 7:41 da manhã, Anonymous Anónimo said...

Volta, estás perdoado!

 

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