segunda-feira, maio 16, 2005

Schweizer Hof Hotel

Já aqui estive, já fiz esta viagem,
e estive neste bar neste momento
e escrevi isto diante deste espelho
e da minha imagem diante da minha imagem.

Não mudou nada, nem eu próprio; a mão
escreve os mesmos versos no papel obscuro.
Que aconteceu então fora de tudo?
De que esquecimento se lembra o coração?

Algum passado, alguma ausência,
se passam talvez a meu lado,
talvez tudo exista exilado
de alguma verdadeira existência.

E eu, os versos, o bar, o espelho,
sejamos só imagens noutro espelho
diante de algum deus em cujo lasso
olhar se fundem outro e mesmo, tempo e espaço.

Manuel António Pina (1943)

sexta-feira, maio 06, 2005

Unfinished (self) Sympathy

Desta minha janela que me serve de refugio.
Deste sono violentamente interrompido.
Deste meu cansaco constante.
Desta restea de esperanca que me socorre.
Deste meu eu que teima em existir.
(...)

-E-