domingo, julho 24, 2005

Damn… you Paranoid Android! Can you please get it right??!!

A paranoia desenfreada por parte da policia britanica tirou a vida a um inocente de ascendencia brasileira que, ao que parece, estava legal no Reino Unido. Assim sendo, ainda estou para perceber o que levou a vitima a fugir da policia e a saltar os torniquetes no metro londrino, tendo isso acentuado as suspeitas da policia que concluiu tratar-se de um terrorista. O seu vestuario e comportamento chamaram a atencao dos agentes de seguranca metropolitana de Londres. Segundo Ian Blair, chefe da Scotland Yard, os policias britanicos tem ordens para matar com uma bala na cabeca todos os presumiveis terroristas suicidas.

Apesar do pedido oficial de desculpas por parte da Scotland Yard, sera legitimo acabar-se com uma vida humana baseando-se unicamente na aparencia e suposto estranho comportamento? Nao sera isso um abuso de poder, que colide com todos os valores de uma suposta democracia?

Posto isto, seremos obviamente conduzidos a outro tipo de discussoes que desembocarao em topicos mais sensiveis, nomeadamente, o preconceito e a xenofobia.

-E-

sábado, julho 23, 2005

7/7 e não só...

Ao contrario do que possam pensar, o anterior post nao foi premonitorio face aos mais recentes acontecimentos em Londres. Por isso, aqui fica um aviso a navegacao: Qualquer semelhanca com a realidade tratou-se de uma mera coincidencia, apesar deste meu aspecto meio paki, meio terrorista!

O dia 7 de Julho marcou pela negativa a vida londrina, que ha muito tempo nao assistia a um tao grande numero de vitimas provocado por ataques terroristas. Essa famigerada quinta-feira foi para mim uma experiencia marcante, embora nao tenha sofrido na pele o que cerca de 700 pessoas sofreram, entre as quais 54 vitimas mortais. Logo pelas 09:30h da manha quando foram noticiadas as explosoes no metro e nos autocarros, a primeira reaccao das pessoas em jeito de brincadeira foi: “Must be the french that are invading London, as we won yesterday the olympic bid!!!EhEhEh!”. Aos poucos foi-se apercebendo a origem dos atentados. Muitos dos meus colegas de trabalho entraram em histeria completa, pensava-se inclusivamente em passar a noite no local de trabalho. Por motivos de seguranca nao estavamos autorizados a sair do edificio ate por volta das 18:00h. Os transportes e ruas estavam praticamente cortados. Como estava atolado de trabalho, fui para casa relativamente tarde, por volta das 21:00h. As ruas estavam assustadoramente desertas, algo que nao se esta habituado a assistir na ‘City’.

As ultimas duas semanas que passaram tem sido um alerta constante, tendo a ultima culminado com uns quantos atentados sem sucesso em transportes publicos, bem como a morte a tiro pela policia de um suspeito (ao que parece nao era terrorista) na estacao de metro de Stockwell.

A semelhanca do que aconteceu em Madrid, Nova Iorque e Washington, os atentados de Londres revelam uma barbarie da mais reles e desprezivel. Se perguntarmos a um europeu o que pensa sobre o terrorismo ele vai imediatamente recordar as Torres Gemeas, Atocha e Londres. No entanto, curiosamente, poucos ou nenhum, recordarao os brutais massacres terroristas de que a populaçaoo iraquiana tem sido vitima diariamente, desde ha mais de um ano. De la surgem noticias de atentados que vitimam dezenas de pessoas e que a comunicacao social trata, cada vez mais, como mero pormenor, um qualquer efeito colateral, algo que tinha e tem de acontecer.

Os atentados de Londres, esses, foram exaustivamente noticiados e comentados, os culpados foram localizados, foram feitas detencoes, milhoes de libras estao encaminhadas para que se faca a tao desejada “justica”. No Iraque um atentado e certamente tratado como uma burocracia do dia-a-dia. E e esta diferenca que faz toda a diferenca. Para os Europeus, e em especial para os politicos europeus, um atentado em Londres, Paris ou Roma e diferente de um atentado em Kerbala, Bagdad, Bacora, Mossul ou Najaf.

Despoletado o mediatismo atraves da comunicacao social, o facto e que no dia seguinte aos atentados os europeus estavam com medo do terrorismo. O tal terrorismo que causou nos ultimos dois anos 250 mortos na Europa. Perante tal empolamento, os europeus esquecem-se que morrem milhares, todos os dias, nas estradas e de doenças como o SIDA e o cancro. Apesar do medo que se instalou, a verdade e que as probabilidades de um europeu morrer de uma septicemia ou de um futil erro medico sao bem maiores do que a de morrer num atentado terrorista.

Por outro lado, ha quem se preocupe com o facto de os terroristas serem jovens nados e criados na Gra-Bretanha. Mas ninguem se questiona pelo facto de o material explosivo ter tido origem militar e ser muito provavelmente produzido por um pais do G-8. Estes 8 paises sao, afinal, os produtores de 80% do armamento mundial. E, verdade se diga, sao estes paises e algumas das suas empresas, os maiores beneficiarios do clima de terror e de medo instalado pelos atentados de Madrid e de Londres e daqueles que ciclicamente se seguirao. A deriva securitaria que se sucede a tais acontecimentos faz subir em flecha os lucros de muitas empresas para quem a paz mundial e um pesadelo que preferem ignorar e que nao se coibirao de combater.

Os culpados dos atentados de Londres e de Madrid, ao contrario do que julga o cidadao comum, estao longe de ser aqueles jovens de nomes esquisitos que vemos impressos nos jornais de todo o mundo.

-E-

segunda-feira, julho 04, 2005

Lago de Fogo

Para onde vão as pessoas más quando morrem?
Não vão para o céu onde os anjos voam
Descem para o lago de fogo e fritam
Só os vemos no 4 de Julho

Eu conheci uma senhora que era de Duluth
Mordida por um cão que tinha dente raivoso
Foi parar à campa cedo demais
E voou uivando na lua amarela

Para onde vão as pessoas más quando morrem?
Não vão para o céu onde os anjos voam
Descem para o lago de fogo e fritam
Só os vemos no 4 de Julho

As pessoas choram e lamentam
Procuram um lugar seco para chamar a isso casa
Tentam encontrar um lugar para descansar os ossos
Enquanto anjos e demónios tentam fazer os seus

Para onde vão as pessoas más quando morrem?
Não vão para o céu onde os anjos voam
Descem para o lago de fogo e fritam
Só os vemos no 4 de Julho

Kurt Cobain (1967-1994)

sábado, julho 02, 2005

'The Day Music Changed the World'

Parafraseando Kofi Anan, no seu discurso proferido ha minutos atras, “The world has come together in solidarity of the poor”. Ha exactamente 20 anos tiveram lugar, simultaneamente em Londres e Filadelfia, concertos onde artistas de renome tais como Paul McCartney, Queen, Elton John, Madonna reuniram-se com o intuito de angariar dinheiro para ajudar os paises mais carenciados de Africa.

O Live 8 (que esta neste momento esta acontecer), cujo mentor foi mais uma vez Bob Geldof, consiste numa serie de concertos e acontecimentos palo mundo fora, para denunciar o problema da pobreza global. E uma oportunidade unica para qualquer pessoa chamar a atencao dos lideres dos paises participantes na cimeira do G8 e apelar para que se ponha fim a desnecessaria morte de 30,000 criancas por dia. No dia 6 de Julho, os lideres do Gra Bretanha, EUA, Canada, Franca, Alemanha, Italia, Japao e Russia encontrar-se-ao em Gleneagles, na Escocia, para discutir os assuntos mundiais, incluido Africa. Ser-lhes-a apresentado um plano de ajuda reforcada, de perdao da divida do 3º Mundo e numa maior justica nas leis de comercio internacional.

Ao contrario do Live Aid, o Live 8 nao esta a pedir dinheiro mas sim uma voz activa que pode ser preconizada por cada um de nos atraves dos Blogs, mensagens de telemovel, escritos sobre o Live 8, Africa e acerca desta campanha de combate a pobreza. No http://www.live8live.com/ esta a decorrer um abaixo assinado, atraves de mensagens de telemovel, que sera apresentado na cimeira G8.

O Live 8 organizou concertos em Londres, Filadelfia, Roma, Berlim, Barry, Joanesburgo, Moscovo e Toquio, com cerca de 100 artistas, um milhao de espectadores, tres bilioes de telespectadores e uma mensagem unica: ‘Make Poverty History’.
Para grande pena minha, nao consegui bilhetes para o concerto no Hyde Park...a falta de melhor, nada como ver o concerto em directo na televisao.

Esperemos que este tipo de movimentos resulte no sentido de convencer os lideres do G8. No entanto, uma coisa e certa, mais vale tentar do que ser indiferente. Um grande bem haja Geldof!
-E-